Meu relato de parto:
Meu VBAC (Parto vaginal após cesárea)
Minha primeira filha Isabella veio ao mundo através de uma cesárea sem real indicação, a GO sugeriu marcar a data e eu aceitei, por falta de informação, por medo, pois já estava chegando às 40 semanas sem sinal nenhum, e foi tudo tranquilo tanto a cirurgia quanto o pós operatório, disso não tenho nenhuma queixa, pelo contrário. Mas eu sempre tive o sonho de ter um parto normal, de sentir aquela correria e aquela emoção de em um dia inesperado saber que tinha chegado a hora.
Engravidei novamente, agora de um menininho, Marcos, o Marquinho. Comecei então a me informar, li um milhão de relatos de parto, minha GO estava grávida então busquei um GO que assistisse parto normal, mas pelo plano é tão difícil que o que eu consegui até assistia, na verdade na linguagem dele, ele fazia parto, e que eu saiba quem faz o parto é a mulher, mas ok. Comecei a frequentar os encontros do Bem Gerar e quão ricas são as informações que recebi nesses encontros. Foi lá tb que conheci a minha doula linda e amada Michelle Antunes Rocha, foi amor à primeira vista, eu sabia que era ela que eu queria nesse momento junto conosco. E Deus preparou tudo para que pudéssemos tê-la conosco.
Estava me sentindo segura, preparada, bem amparada, até que o temido "prazo para o bebê nascer" estava chegando e nada de ele nascer, nenhum sinalzinho, nadica de nada, só pra testar minha fé.
Com 39s3d meu GO fez um toque: colo fechado, nada de dilatação, bebê alto. Após o exame ele fala: e aí, vamos marcar a cesárea ou você vai querer esperar entrar em trabalho de parto?
Eu como sempre falei pra ele: não quero agendar cesárea, só farei uma cesárea se for extremamente necessário.
A resposta dele com ar de irritação: ok, volta em uma semana, do jeito que está fica difícil mudar, depois só vai ser correria pra fazer a cesárea, mas fazer oque né?
Eu que já estava decidida a não ter esse "homi" no meu parto devido a milhões de outras coisas que ele me falou ao longo do pré-natal, decidi então nem voltar na última consulta e ir direto fazer o acompanhamento no hospital a partir das 40 semanas.
Comecei o acompanhamento com 40s2d - mesma coisa: td fechado bla bla bla
40s4d - mesma coisa.
Meu "prazo" estava acabando, com 41 induziriam ou me enviaram para uma cesárea.
Até esse dia nada, nenhum sinalzinho, nadica de nada.
Dia 15/06 - 40s5d - acordei, arrumei minha mais velha para a escola, minha mãe fez questão de levá-la, para eu não dirigir, oque de fato estava bem desconfortável mesmo. Ela voltou pra minha casa, me ajudou a terminar uma faxina que eu havia começado há dois dias. Depois fomos pra casa dela. Demos uma volta no centro da cidade, na avenida como falamos em Votorantim kkkkk. Chamei a Michelle no whats e falei sobre minha preocupação com fim do prazo. Aí conversamos sobre formas naturais para ajudar a induzir o trabalho de parto. Ela me falou q algumas mulheres tiveram bons resultados tomando óleo de ricino. Já que ja estava ali na "avenida" msm, entrei numa farmácia e vi que custava 5,50 e pensei: "carçou, não custa tentar". Ela tinha me dito q aquilo pudesse me dar uma bela soltada na barriga mas ta bom, "já que ta q vá".
Tomei o óleo e deitei no sofá da minha mãe. Nessa hora me lembro que estava tão apreensiva, decidi naquele momento que não sofreria mais, que aceitaria a vontade de Deus para a minha vida, que se fosse pra induzir ou até passar por outra cesárea amém eu aceitaria, só queria ficar em paz e ter meu menino nos braços.
Perto de 15h o óleo começou a fazer efeito, tive uma bela de uma diareia.
Mas, depois que a dor da diarreia passou, começou uma dor diferente. Será meu Deus?
Começo a monitorar pelo app de contrações e me deparo com um intervalo de 2 em 2 minutos. Como assim? Não deve ser verdade, a Michelle nos falou que geralmente começava com intervalos de 15 minutos depois 10 minutos.... Falei com ela sobre esse intervalo já no modo hard ela me disse para ir para o chuveiro por uma meia hora e continuar monitorando no app, porque se com a água elas diminuíssem poderia não ser trabalho de parto ainda, nessa hora minha mãe me ajudou, meu marido estava voltando do trabalho. E as contrações continuaram no mesmo ritmo, algumas com intervalos de 1m30s durando 40seg.
Achamos melhor nos preparar para ir ao hospital pelo menos para ouvir os batimentos dele, já que as contrações estavam bem frequentes. Nessa hora meu marido chegou na casa da minha mãe, pedi a ele que viesse a nossa casa buscar as malinhas que estavam prontas para irmos ao hospital.
Enquanto isso coloquei uma roupa da minha mãe e fiquei tentando encontrar uma posição enquanto vinham as contrações. Em um dos intervalos me sentei e de repente senti um líquido saindo, era a bolsa que havia rompido parcialmente, olhei a cor do líquido, clarinho levemente rosado, ufaaa fiquei tranquila.
Meu marido chegou e partimos para o hospital, pedi a minha mãe que fosse junto para me ajudar na hora das contrações fazendo pressão na minha lombar. Que caminho infinito parecia que nunca iríamos chegar naquele hospital.
Chegamos ao Hospital Santa Lucinda aproximadamente às 20h15, a Michelle já estava nos esperando. A enfermeira me examinou e falou pra Michelle: Ela está com bolsa rota e 3cm de dilatação (poxa esse tanto de dor e só isso de dilatação, oh Jesus kkk), vamos fazer um cardiotoco mas ela já será internada, aí é ficar no chuveiro, na bola... Pela maneira como ela falou fiquei um pouco desanimada, pensei que iria demorar tanto ainda. Após o exame fui ao banheiro e o tampão saiu. Fiz o cardiotoco e que horrível é fazer esse exame no meio de contrações e estava tudo ok. A Michelle ficou comigo, nessa hora meu marido ainda não podia estar. Ela fazia pressão na lombar nas contrações e eu tentava me soltar ao máximo pensando que ja ia acabar. Ela deve ter ficado arrebentada de tanto me apertar.
Minha internação demorou umas 3hrs pra sair, já eram umas 23h30 mais ou menos. O pré parto estava cheio então eu e a Michelle fomos para o quarto onde estavam além do meu marido a minha grande amiga e fotógrafa Dalila que cobriria o primeiro parto da vida dela. Fiquei na bola e no chuveiro. Nessa hora meu marido assumiu e apertava minha lombar, fazia massagens.... me lembro que ele veio me falar que eu estava indo muito bem, que logo estaríamos com nosso menino nos braços. O chuveiro começou a dar problema e uma funcionária do hospital veio perguntar se não queríamos trocar de quarto umas 3 vezes, claro que na terceira vez eu dei um berro: não quero trocar de quarto #@$$# nenhuma kkkk (desculpa moça do hospital que eu nem sei o nome). Eu já tava em nárnia, finalmente entendi oque era estar na tal "partolândia" que tanto li em relatos de parto. Dessa parte não me lembro muito bem das coisas. Até que começou a sair bastante sangue e a Michelle perguntou se eu queria ser avaliada novamente. Aceitei, eu já tava começando a sentir vontade de fazer força e fomos para o pré parto. A enfermeira que me levou, saiu correndo me empurrando na cadeira de rodas, parecia q estávamos em uma corrida kkkkkk. No meio do caminho dei um grito: tragam meus óculos kkkk, como assim eu não podia estar sem eles, queria ver todos os detalhes do meu menino. A moça ainda me xingou: não pode gritar aqui não moça.
Chegamos no pré-parto e a Dra Sara, uma médica muito atenciosa, pediu que eu me deitasse para me examinar. Misericórdia como se deita com tanta dor assim??? Meu marido me apoiou e falou: Amor força, você tá quase lá, só falta um pouquinho.
Subi na maca e ela me examinou, perguntei: como ta aí doutora? Ela disse toda delicada: ah, surpresa kkkkk pediu que eu fizesse uma força na próxima contração e foi aí que terminou de romper a membrana da bolsa, já estava com dilatação total. Nisso a cabecinha apareceu e ela pediu para que fossemos para a sala de parto. Pedi para ficar ali mesmo, mas ela insistiu e eu tava tão desesperada que fui mas falei pra ela: por favor doutora eu não quero que me corte. Ela muito calma e delicada me falou: fica tranquila não vou te cortar. Fui andando do pré pra sala de parto sentindo que ele tava ali, quase saindo. Deitei naquela maca apesar de não querer parir deitada, na hora do desespero só queria que ele saísse logo. Acabou sendo tão rápido que a posição não me incomodou. Eu não senti ele descer, minha barriga ficou alta até quase a hora do expulsivo. Foram 3 forças, um expulsivo de 5 minutos (como assim Braseeeel???), na primeira senti a cabeça, depois parte do corpinho e por fim ele todo, um alívio inexplicável, inacreditável, eu tinha conseguido, mal podia acreditar. Dia 16/06/2018 às 1h04 no plantão do Santa Lucinda, tive meu tão sonhado parto natural sem nenhuma intervenção, sem anestesia, sem ocitocina, sem violência obstétrica. Toda dor acabou na hora. Meu menino, meu Marquinho, veio para meus braços e posso me lembrar perfeitamente daquela sensação do seu corpinho escorregadio. Eu só sabia agradecer a Deus, ria, e falava o quão lindo meu filho era. Ainda não consigo acreditar. Mais uma contraçãozinha muito leve e a placenta saiu.
Perguntei pra doutora como ficou aí kkkk? Ela me disse que tinha tido apenas um esfoladinho que daria 2 pontinhos para conter o sangramento. Laceração grau 1.
Ele ficou no meu colo, meu marido cortou o cordão depois q parou de pulsar, e então o levaram para pesar medir enquanto a doutora dava os 2 pontinhos.
Meu marido amado muito atento se lembrou de tudo o que combinamos sobre aspiração, colírio de nitrato de prata, e fomos respeitados. Aliás a pediatra mais fofinha do universo Dra Cláudia (pena não atender ao meu convênio) cuidou tão bem do nosso tesouro. Ele pesou 3,720kgs e mediu 51,5cm
Meu marido ainda teve uma aula sobre o cordão umbilical que veio me contar depois.
Carimbaram o pezinho dele no braço do meu marido e depois de enrolá-lo em um cueiro e colocar uma toquinha ele voltou para meus braços de onde não saiu mais, logo mamou e ali ficamos contemplando nosso segundo presente.
Minha gratidão eterna a Deus, por me proporcionar ser mãe novamente e permitir que eu vivesse a experiência mais linda da minha vida, realização de um sonho. Ao meu marido, meu amor, meu maior parceiro Ivan, que desde o começo me apoiou em tudo, aprendeu comigo, me encorajou, e cuidou muito bem de mim. A minha mãe Salete, sempre presente na minha vida, esperando ansiosamente junto comigo esse momento chegar, que esteve comigo no início do trabalho de parto, oque eu jamais imaginava, que cuidou da minha mais velha, juntamente com a minha irmã Bia Beatriz sempre com mto amor. A minha doula querida Michelle, que nos muniu de Informação, nos trouxe segurança, apoio e amor. E a minha querida amiga pessoal de mais de 10 anos e fotógrafa Dalila Silva que encarou sua primeira cobertura de parto e claro arrasou!!! O pós parto é assunto pra outra hora mas não posso deixar passar em branco tudo o que minha amada sogra Jane faz por nós desde sempre, além de uma sogra fora da curva ela é uma grande amiga, amo sua companhia e tudo o que ela faz.
Pra quem leu até aqui, se você está buscando ter um parto natural, seja o primeiro, seja após uma cesárea, saiba que provavelmente você terá que remar contra a maré. De pessoas te desestimulando, te cobrando uma data para o nascimento do seu bebê, muitas vezes te falando bobagens sobre passar da hora, cesárea é muito melhor e bla bla bla. Se possível tenham uma Doula, elas são anjos de Deus aqui na terra. Blinde seus ouvidos contra esse tipo de comentário. Informe-se, o parto natural não é modinha, é algo fisiológico, Deus fez tudo perfeito e somos capazes de ter bebês de maneira natural. Foi uma experiência incrível que lembrarei eternamente e contarei pelo resto da minha vida. Lembrando que via de parto não faz alguém mais ou menos mãe. Para mim era algo que eu sonhava viver, e agora o sonho está realizado. Obrigada meu Deus.